Manongo Nongo de Soberano CanhangaO jornalista libolense Luciano Canhanga lança hoje, dia 5 de Junho, às 18h, na União dos Escritores Angolanos, o livro Manongo Nongo. Com dez contos Infanto-Juvenis, a obra, que leva o selo da Tamoda Editora resgata as estórias orais, contadas pelos mais velhos, às crianças do Leste de Angola. Manongo Nongo, que para os Tucokwe é uma cerimônia festiva, por ocasião do nascimento de uma criança, traz estórias do povo, além de outras que foram criadas e recriadas pelo autor.

Este livro será também lançado em Calulo no próximo dia 23, no âmbito do Festi-Calulo 2012 (ver artigo com a programação).

Soberano Canhanga, como assina o autor as suas obras, conta que a ideia de se lançar no universo da literatura infanto juvenil nasceu a partir das visitas às aldeias da Lunda Sul, região onde trabalha. “Percebia que as crianças não tinham nada pra ler e pensei em lhes oferecer algo que pudesse despertar-lhes o gosto pela leitura”. A clássica história da menina que foi enterrada viva pela Madrasta Tetê ganha, por exemplo, cenário angolano, mais precisamente a vila de Kibocolo, no Uíge. Mas é no dia que o seu pai decide mudar-se para Sanza Pombo, em busca de novos pastos para o gado, que a pobre Joaninha conhece a sua desgraça.

Mesmo antes do livro chegar ao mercado, as narrativas - carregadas de lições de vida - já chamavam atenção de alguns leitores através do rádio. É que na medida que iam ganhando vida, os contos eram lidos no programa Arco Iris Dominical, em Saurimo, onde o jornalista apresenta a rubrica Letras Faladas. Algumas como A Cega e o Cão Kelula ganhavam novos contornos, a partir dos comentários que despertavam. Outras, nem tanto. Foi o caso, da Galinha Solteira e do Galo que nunca se viu ao Espelho, uma história baseada num facto ocorrido no seu próprio quintal. Canhanga decidiu manter o inesperado final mesmo a contragostos dos primeiros leitores mirins, pois como admite: - o escritor também se permite a teimosias.

Este é o segundo livro de Luciano Canhanga que estreou na Literatura em 2010, com o Sonho de Kauía lançado pela Maimba Editora. Embora já tenha mais duas obras prontas para lançar - um romance intitulado Relógio do Velho Trinta e Desencontros, uma colectânea de poesias - Luciano Canhanga afirma que entre o jornalista e o escritor há ainda um longo caminho a percorrer, “no sentindo de ir afinando a escrita para ser mais artístico e menos jornalístico”.

O jornalista escritor desponta ainda como grande incentivador das artes literárias na região da Lunda Sul. Luciano acaba de criar um núcleo de literatura na Universidade Lueji A Nkonde, onde actua como professor. A produção de resumos, as discussões e selecção para leitura no programa radiofónico Letras Faladas são os primeiros passos dos futuros escritores da Lunda. Por certo, em pouco tempo, o núcleo irá produzir os seus primeiros rebentos.