O Projeto Libolo prossegue a sua já longa caminhada de 5 anos, período no qual se tornou uma referência incontornável para os estudos sobre a compreessão da aquisição e reestruturação das línguas crioulas de base-portuguesa do Atlântico, das variedades de português faladas em África, de variedades afro-indígenas do Brasil, do português vernacular do Brasil e até do próprio português do Brasil. As pesquisas no âmbito do Projeto Libolo têm ainda lutado em prol da consciencialização sobre a necessidade de preservação das línguas nativas africanas, enquanto elementos que carregam a identidade milenar dos povos africanos.
O valioso contributo dos estudos do Projeto Libolo estendem-se ainda ao entendimento da história e de aspectos sócio-antropológicos quer do Libolo quer da própria Angola, bem como das conexões que todas estas áreas de investigação científica estabelecem no eixo África/Brasil/América Caraíba.As investigações levadas a cabo no terreno, num crescente contexto multidisciplinar, têm resultado em publicações de carácter científico e também já num incontável número de trabalhos apresentados em destacados eventos internacionais (congressos, seminários, fóruns, encontros, etc.), organizados em países que vão desde Portugal ao Japão, passando ainda pelo Brasil, pela Áustria ou por Aruba (Caraíbas).
Chegou agora a vez da apresentação de novos trabalhos num país onde um crioulo partilha o estatuto de língua oficial com o português: Cabo-Verde. É neste país, mais propriamente na Universidade da cidade da Praia, ilha de Santiago, que se vai realizar de 23 a 26 Junho próximo o Congresso Anual da ACBLPE (Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola).
Mais uma vez, o Projeto Libolo marcará presença destacada neste congresso, com a apresentação de mais 4 trabalhos pioneiros sobre as pesquisas no Libolo:
- Análise comentada do manuscrito “Guia de conversação portuguesa para uso dos libolos”, do padre René Robert, a cargo do Prof. Dr. Carlos Figueiredo (Univ. Macau, China), da Profa. Dra. Margarida Petter (USP, Brasil), e da Profa. Dra. Vanessa Monte (USP, Brasil);
- Clítico argumental “lhe” em cotejo: Português do Libolo, Português Afro-Indígena e Cabo-verdiano, a cargo da Profa. Dra. Márcia Oliveira (USP, Brasil), do Prof. Dr. Ednalvo Campos (UEPA, Brasil) e do Doutorando Francisco Lopes (USP, Brasil);
- “Onde” não interrogativo em cotejo em duas línguas reestruturadas, a cargo da Profa. Dra. Márcia Oliveira, da Mestre Maria de Lurdes Zanoli e do Bacharel Vanderlei Maurer, todos da USP, Brasil;
- Construções com “tópico sujeito”: cotejo em línguas reestruturadas, a cargos da Profa. Dra. Márcia Oliveira e da Mestranda Raquel Silva, ambas da USP, São Paulo.
Destacamos o facto de o primeiro dos trabalhos acima referidos resultar de recentes e importantes descobertas no Centro de Documentação da Província Portuguesa da Congregação do Espírito Santo, em Lisboa. Uma vez mais endereçamos as nossas felicitações a todos os investigadores do Projeto Libolo, particularmente ao seu mentor libolense Prof. Dr. Carlos Figueiredo, pelo extraordinário trabalho que têm realizado em benefício da cultura angolana e do Libolo em particular. Votos para que a deslocação ao país irmão Cabo Verde corra de acordo com a melhores expectativas.