Projecto de alfabetização no Libolo
Educar Evangelizando
A nossa acção em prol da alfabetização surgiu pela necessidade de alfabetizar uma população de 1500 crianças, jovens e adultos situadas em mais de 80 aldeias espalhadas no município do Libolo.
A intenção é que possam aceder a todo tipo de informação escrita nos campos da saúde, da educação, da evangelização e da cultura em geral.
O projecto tem corrido com sucessos e também alguns fracassos.
Sucessos nos alunos mais motivados e perseverantes e que reconheceram o valor de aprender a ler e escrever. Fracassos em algumas aldeias muito conservadoras e fechadas que logo após iniciar se desanimaram e voltaram às suas tarefas agrícolas habituais. Ainda é um desafio motivar para o valor da aprendizagem, face a valores puramente materiais: cultivos, lavras, dinheiro.
Outra dificuldade encontrada está relacionada com falhas dos alfabetizadores que devido a ausências, dias sem dar aulas por motivos de óbitos e, em não poucos casos, o alcoolismo enraizado mesmo nos professores, fizeram com que turmas de alunos pouco a pouco fossem desistindo.
Mas também houve demonstrações de satisfação tanto da parte dos alunos como dos alfabetizadores, por verem os bons resultados que produz o Método Dom Bosco.
O método baseia-se em sílabas chave e desenhos geradores, acompanhados por um diálogo motivador que leva a salientar os valores humanos e cristãos. O canto também é parte integrante do método.
Nalgumas comunidades cristãs vários alunos aprenderam a participar oferecendo-se para fazer a leitura da palavra de Deus na oração da manhã. E a grande maioria teve o ganho de já começar a ler todo tipo de documentos: jornais, folhetos de prevenção sanitária, revistas, etc.
Iniciou-se uma nova fase em Agosto de 2008 (nova fase por que noutros anos já se tinha tentado mas as dificuldades fizeram desistir os alfabetizadores).
Realizámos cursos preparatórios através de aulas simuladas com apoio de cassetes vídeo para um total de 50 alfabetizadores, os quais imediatamente depois do curso iniciaram as suas actividades com bom ânimo.
A maioria dos alunos que se matricularam nas aldeias eram mães jovens que não tiveram a oportunidade de aprender. Iniciámos com aproximadamente 500 alunos. Todos receberam cadernos, lápis e, na maior parte dos casos, tivemos que fabricar quadros para escrever. Foram monitorizados por 5 inspectores que se deslocaram a mais de 50 km em motorizadas, às vezes em caminhos de lama ou pedregosos que dificultaram muito o trabalho.
Em algumas aldeias a taxa de sucesso ronda os 80%, enquanto noutras chegou a haver 60% de desistências.
Dos 50 professores que iniciaram o projecto estão actualmente 30 em funções. Alguns regressam periodicamente para recomeçar e aparecem também novos candidatos.
Neste momento contamos com 350 alunos. Duas vezes na semana distribuímos pão já que ninguém consegue comer antes das aulas que iniciam às 6 horas.
A adesão da população rural ao nosso serviço é complicada já que em algumas aldeias as expectativas são boas e noutras não.
Ficaram ainda várias áreas geográficas onde fazer um trabalho de motivação da população, o qual está projectado para os próximos meses.
Temos esperança de atingir o objectivo de 1500 alfabetizados, num prazo que poderá oscilar de um ano a um ano e meio.
Por enquanto a perspectiva para os próximos meses será concluir até final do mês de Julho o primeiro grupo de 350Meninos sem escola alunos e iniciar em meados de Agosto noutras aldeias. Está em análise a possibilidade de, simultaneamente, abrir as portas ás crianças, já que são muitas as que querem aprender.
Também já estão calendarizados cursos de vários dias nalgumas aldeias distantes para os quais está previsto o uso de meios audiovisuais.
Com os alunos mais destacados do primeiro grupo dos 350 pretendemos oferecer a pós-alfabetização, ou seja, complementar a aprendizagem com ciências integradas básicas (noções de biologia, anatomia, geografia e ciências gerais).
P. Jose Lopez