Buscando notícias do Calulo, deparei-me com muitos títulos relativos aos recentes sucessos da equipa do Recreativo. Imediatamente me veio à memória uma desastrosa actuação dessa equipa de futebol de há mais de 30 anos.

Não consigo apurar todos os contornos, mas o certo é que a equipa de Calulo tinha conseguido uma posição que a levou a enfrentar-se com o poderoso conjunto do Benfica de Luanda.

Tal efectivamente veio a suceder,  no campo do Benfica. Sabia-se à partida que a equipa do Calulo pouco ou nada podia fazer para contrariar a superioridade do seu adversário, mas não se podia esperar que o marcador atingisse um número tão elevado. Creio que sofremos uns 15 golos.

Ao adjectivar de desastrosa essa actuação estaria cometendo uma grande injustiça. É que os jogadores de então, que actualmente devem ainda “jogar” futebol, mas sentados no sofá, nunca, mas nunca, baixaram os braços e sempre mantiveram uma atitude de jogar o futebol que podiam e sabiam. Talvez essa desportivíssima atitude tenha sido a causa de tão volumoso resultado, pois o Recreativo de então nunca se dispôs a defender, o que sempre permitiu à equipa adversária explanar o seu superior futebol.

Haveria que perguntar aos antigos jogadores do “Recre” se ainda se lembram do espírito desportivo que mantiveram naquela partida. E mais: devia-se prestar uma homenagem a esses desportistas exemplares que, na época, não eram animados pelos motivos que hoje vigoram, apenas gostavam de jogar futebol e exibir-se perante os seus apoiantes, depois dos sacrifícios que tinha que fazer para treinar. Os “historiadores desportivos” do Calulo têm aqui matéria para trabalhar.

Na actual situação desportiva em que se movimenta não é de prever que o “Recre” volte a sofrer uma tão gorda goleada. Mas se tal vier a acontecer, oxalá que os jogadores e dirigentes e massa associativa saibam deixar-se levar por nobres valores desportivos.

* Professor na antiga Escola Preparatória Fernando Pimentel Júnior, entre 1971 e 1974